Com o auditório do Hospital de Base lotado, o primeiro dia do IV Congresso de Inovação, Ensino e Pesquisa do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) trouxe palestras e discussões importantes para a saúde pública. O evento conta com mais de 2.100 inscritos, entre participantes presenciais e online, e tem como tema a exploração de soluções inovadoras nos sistemas de saúde.
O chefe do Trauma do Hospital de Base, Rodrigo Caselli, deu início aos trabalhos do dia com a sessão temática “Integração multidisciplinar no atendimento ao trauma: desafios e soluções”. O especialista explicou como diferentes especialidades colaboram efetivamente durante o atendimento a pacientes traumatizados e como identificar os desafios comuns.
“Está provado na literatura que um time treinado e organizado reduz o tempo, reduz a mortalidade, reduz a morbidade desses pacientes”, afirmou Caselli. “É possível utilizar recursos próprios do hospital, como recursos humanos e materiais, e transformar isso em uma capacitação efetiva, com um custo-benefício extremamente vantajoso.”
Caselli também compartilhou a experiência do Hospital de Base na montagem da equipe de trauma. “Temos pessoas capacitadas que podem ministrar treinamentos e um centro de trauma, com todos os equipamentos necessários. Assim, o IgesDF pode se transformar em uma matriz de treinamento, para trazer outros serviços para treinar aqui”, concluiu.
Novas tecnologias
Com o tema “Desmistificando a IA e como utilizá-la na prática médica”, o chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Chao Lung Wen, falou sobre os avanços do uso da tecnologia, principalmente das inteligências artificiais e robôs, no atendimento de alta complexidade aos pacientes, como em cirurgias que exigem grande precisão.
“Até 2030, o serviço de saúde não estará mais vinculado apenas a consultórios e hospitais, mas será expandido para dentro da casa das pessoas, porque estaremos trabalhando com casas conectadas e inteligentes”, apontou Chao. Ele usou como exemplo prático os robôs de telepresença que poderão realizar telemonitoramentos de pacientes crônicos em casa.
Em seguida, foi realizada uma mesa-redonda sobre inovação na experiência do paciente, com o superintendente de Qualidade e Melhoria Contínua de Processos do IgesDF, Clayton Sousa, a gerente-geral de Humanização e Experiência do Paciente do IgesDF, Anucha Soares, e a diretora de Práticas Assistenciais no Hospital da Criança de Brasília, Simone Prado de Lima Miranda.
Simone falou sobre como o Hospital da Criança vem trabalhando na experiência do paciente na unidade, com ações simples – como a decoração das paredes e atividades lúdicas – e outras mais complexas, como a avaliação de resultados assistenciais. “A criança tem que se tratar no nosso hospital, mas tem que continuar sendo criança. Então, temos professoras que dão aula para os internados e fazemos questão de que a criança tenha tempo para brincar também”, disse.
Anucha Soares compartilhou as realizações de sua equipe. A gerente contou sobre a origem do programa Humanizar, idealizado pela primeira-dama do DF, Mayara Noronha, e sobre como os auxiliares de humanização ajudam no dia a dia das unidades do IgesDF. Anucha falou também sobre a implementação de ferramentas como a pesquisa de Net Promoter Score, o prontuário afetivo e a alta humanizada, entre outros temas.
A jornada foi encerrada com a palestra sobre o tema “O dilema do chip da beleza”, proferida pela cardiologista Alexandra Mesquita. Na palestra, a médica abordou o crescente aumento de doenças cardiovasculares em mulheres devido ao uso de implantes hormonais manipulados. De acordo com ela, a busca pelo corpo perfeito, incentivada pela mídia e influenciadores fitness, tem criado um grande ônus para a saúde da população.
O IV Congresso de Inovação, Ensino e Pesquisa do IgesDF se encerra nesta quinta-feira (28), com mais palestras sobre inovações na área da saúde, trocas de experiências e com o resultado da premiação dos trabalhos premiados.
*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)