
Nos últimos meses, temos acompanhado um preocupante aumento na disseminação de fake news envolvendo deputados distritais e assessores da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Em redes sociais e grupos de WhatsApp circulam acusações que, muitas vezes, sequer passam pelo crivo da verificação básica. Histórias distorcidas, denúncias sem comprovação e narrativas fabricadas são lançadas ao público com a intenção clara de gerar comoção, indignação e, principalmente, destruir reputações.
O fenômeno não é novo, mas ganhou força em um ambiente digital cuja lógica prioriza o sensacionalismo em detrimento da verdade. A velocidade com que uma informação falsa se espalha é muito maior que a de um esclarecimento oficial — e esse desequilíbrio tem consequências sérias. Quando tais conteúdos chegam às autoridades e são submetidos à investigação formal, frequentemente se constata a ausência de provas, inconsistências nos relatos e a total inveracidade dos fatos narrados. Ainda assim, mesmo após desmentidas, o estrago à imagem das pessoas envolvidas já foi feito.
Um exemplo que tem circulado recentemente nas redes sociais envolve um suposto caso de assédio atribuído a um fato alegadamente ocorrido há décadas. A narrativa, envolvendo crianças à época, passou a circular como verdade absoluta sem qualquer cuidado com a apuração ou com o contexto. Histórias assim, quando não confirmadas pelas autoridades e quando apresentam lacunas e incompatibilidades, tornam-se não apenas injustas, mas perigosas. É fundamental lembrar que denúncias falsas ou divulgadas sem respaldo podem resultar em processos tanto para o autor quanto para aqueles que ajudam a disseminá-las, especialmente quando colocam em risco a honra, a dignidade e a reputação de terceiros.
A situação evidencia um problema maior: a falta de responsabilidade digital. As pessoas compartilham conteúdos graves como se fossem meras fofocas de internet, ignorando que, por trás de cada acusação, há seres humanos e famílias afetadas. Ignoram também que a legislação brasileira prevê consequências para quem cria, replica ou impulsiona calúnias e difamações.
Não se trata de defender a impunidade ou desacreditar vítimas reais — pelo contrário. Toda denúncia séria deve ser acolhida e investigada de forma rigorosa e responsável. O problema é quando a mentira se traveste de denúncia, desviando recursos públicos, confundindo a população e prejudicando a credibilidade do verdadeiro combate a crimes reais.
O debate que precisamos fazer é claro:
Até quando vamos permitir que a desinformação seja utilizada como arma política e social?
Enquanto isso não for enfrentado com educação digital, rigor jurídico e consciência coletiva, continuaremos testemunhando ataques infundados que corroem a confiança nas instituições e na própria democracia.
Em tempos de internet acelerada, compartilhar responsabilidade é tão importante quanto compartilhar informação. E, mais do que nunca, é preciso lembrar: a verdade não viraliza sozinha — ela precisa de defensores.


