Há cerca de um ano e meio a técnica de enfermagem Lucélia Pereira das Almas, 40 anos, convivia com os transtornos causados pelo crescimento de miomas no útero. Sangramentos repentinos, dores abdominais e anemia eram parte do cotidiano da moradora de Planaltina. Os problemas foram cessados graças à força-tarefa de retirada de útero do Hospital Regional de Sobradinho (HRS), realizada no dia 14. No total, dez mulheres foram contempladas com o procedimento, tecnicamente intitulado como histerectomia.
“Ter a oportunidade de tratar uma doença é muito importante, principalmente no caso dos miomas, que causam sangramentos irregulares e muitas dores, impactando a qualidade de vida”, destaca Lucélia, que acompanhava o estado dos miomas no útero há cerca de seis anos e usava anticoncepcional contínuo, o que, no entanto, não impediu o aumento dos tumores. Além disso, também tratava a anemia decorrente da perda de sangue com o uso contínuo do sulfato ferroso.
Em abril, ela foi consultada na rede pública de saúde e, nos meses seguintes, passou por uma série de exames ginecológicos que apontaram a necessidade de cirurgia. Em setembro, entrou para a lista de espera e, no dia 14, passou pela operação. “Sou muito grata por todo o atendimento, desde a primeira consulta até o pós-operatório, que tem sido tranquilo. O cuidado da equipe com as pacientes foi muito especial”, agradece. “Estava dependente de medicamentos, mas, agora, acredito que isso ficou para trás, é vida nova.”
Qualidade de vida
Esta foi a primeira força-tarefa de histerectomia do HRS, idealizada com o objetivo de reduzir a fila de espera pelo procedimento. Foram contempladas pacientes com residência na Região de Saúde Norte indicadas pelo sistema regulador de saúde, conforme os protocolos vigentes. Uma equipe multiprofissional esteve à frente do movimento, incluindo anestesistas – sendo uma médica cedida pelo Hospital Regional de Planaltina -, ginecologistas, residentes, técnicos de enfermagem e servidores administrativo.
Segundo o diretor do Hospital de Sobradinho, Bruno Guedes, o movimento exige um planejamento de insumos e recursos humanos para otimizar a operação e atender o máximo de pessoas possível. “São cirurgias de risco, principalmente de sangramento, já que o útero é um órgão muito irrigado. Então, dentro do planejamento, nós consideramos desde a carga horária dos médicos e a disponibilidade de materiais, até a oferta de leito para a paciente no pós-operatório”, explica. As mulheres ficaram internadas por 24 horas após o procedimento e receberam alta.
Diante do sucesso da primeira edição, a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, revela que outras forças-tarefas serão implementadas no ano que vem. “Estamos empenhados em reduzir a espera por esse tipo de cirurgia e essa tem sido uma estratégia eficaz, que vem possibilitando uma maior celeridade ao atendimento das pacientes”, salienta. “Já temos uma outra ação para a Região de Saúde Norte que engloba as cidades de Sobradinho I e II, Fercal, Planaltina e Arapoanga, para ser realizada até março de 2025. Nesse mesmo modelo que foi realizado agora em Sobradinho.”
Florêncio, que é ginecologista de formação, ressalta o impacto da retirada do órgão para a vida das pacientes, que, na maioria dos casos, convivem com transtornos como anemia, dores e sangramentos repentinos. “A saúde da mulher é uma prioridade para a secretaria, e a força-tarefa de cirurgias de histerectomia representa um avanço significativo no enfrentamento das filas e na garantia da melhoria da qualidade de vida de nossas pacientes”, observa. “Estamos comprometidos com o planejamento de ações que atendam a curto, médio e longo prazo, de modo que possamos, de fato, oferecer um serviço de saúde ainda mais justo e acessível para todas as mulheres do Distrito Federal.”