José Carlos Gentili, jornalista.
Errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico. (Errare humanum est, perseverare autem diabolicum)
Há quase cem anos comprávamos um jornal e recebíamos a informação, que era absorvida, reflexionada, difundida pelos alpendres dos casarios de antanho, vagarosamente, ao sabor das divagações e dos comentários mil.
Chegou o rádio e ganhamos velocidade informacional. Veio o cinema, então, primeiro mudo e depois em cores. Em seguida, irrompem os meios televisivos, numa profusão multifária, que passou a ilustrar a massa analfabeta, até então destinada ao silêncio ledor.
Os ciclos tecnológicos ganharam velocidade vertiginosa comparados ao universo da roda e das caravelas, a singrarem o tempo pelos meandros das épocas.
Os arquétipos do jornalismo tradicional têm suas estruturas carcomidas com o advento da internet, avassaladora, a substituir a forma e o conteúdo das informações.
Inicia-se o fenecimento dos jornais impressos.
A instantaneidade é a marca cogente da globalização irreversível e planetária.
Mudanças radicais a enfrentar as sociedades, que não se aperceberam do descompasso vivencial.
Acertar e errar ganhou novo dinamismo.
O mundo moderno tenta negar o erro e acredita controlar o incontrolável poder mudancista da inteligência artificial e de suas falanges criacionais.
Santo Agostinho, o Homem de Hipona, Doutor da Igreja, sem dúvida, o maior representante do pensamento humano, frente à realidade do reconhecimento do erro humano,mostrou-nos a importância e a dignidade meritória, bem como virtuosa, das criaturas a terem coragem moral da conversão.
Errar é humano!
Todavia, perseverar no erro é diabólico (Errare humanum est, perseverare autem diabolicum), exemplifica e ensina-nos um homem que muito errou.
A verdade é que só erra quem faz, quem realiza, mas deve aprender, humildemente, que o reconhecimento integra a inteligência humana.
A grandeza do reconhecimento, além de meritório, é maior que o sentimento do erro sob a égide agostiniana, que demonstra o conhecimento das coisas sensíveis e das coisas inteligíveis.
Os abusos da humanidade, causados pelo livre arbítrio dos homens, não eliminam as consequências, dimensionadas pelos juízos de valor, fixados sob o condão inefável da lei da ação e da reação.
Causa e efeito integram a realidade humana, a reger seus comportamentos e diatribes.
A propósito, Sigmund Freud, psicólogo maior, estudou e afirma que o inconsciente tem barreiras, e os narcisistas e muitos psicopatas, naturalmente obcecados pela volúpia ciclópica do universo de suas vaidades, caracterizam-se por enorme incapacidade de reconhecer suas próprias falhas.
Pode-se afirmar que inexistem resultados positivos sem erros e acertos. BRASIL – VAMOS ACERTAR! ACERTAR É HUMANO..