Aos 9 anos, a estudante Brenda Valenttina passou, pela primeira vez, por um exame completo de acuidade visual, popularmente conhecido como teste da visão. Enfrentou vários aparelhos e profissionais e, claro, precisou dilatar a pupila. “Não gostei muito do colírio. Ardeu um pouco. E a gente fica enxergando esquisito depois”. Ao final, a aluna do 4º ano da rede pública de Curitiba descobriu que precisa usar óculos. No momento de escolher a armação, preferiu a estampada de oncinha. “Tenho várias amigas que usam. A Khaleesi, a Sofia, a Lara, a Maria Helena. Agora, vou fazer parte da turma que usa óculos também”.
Ludmilla Emanuely, 9 anos, não ficou tão empolgada com a descoberta de que terá que usar óculos, mas admite que sentiu dificuldade para enxergar as letrinhas apontadas pelo médico de longe. “Não gosto muito da ideia de usar óculos. Mas tenho amigas que usam. A Maria Eduarda usa. E ela fica bonita de óculos”. Como a colega de 4º ano, essa também foi a primeira vez que Ludmilla passou por um teste de visão. Na hora de escolher a armação, experimentou um, dois, três, quatro modelos. Tentou rosa, vermelho escuro. Ao final, preferiu uma armação mais discreta, transparente.
João Lucas, 10 anos, também cursa o 4º ano em um colégio da rede municipal de Curitiba. Depois de passar pelo primeiro teste de visão, como os demais colegas, descobriu que precisa usar óculos. “Estava com medo. Achei que o exame ia doer. Mas estou animado pra usar óculos. Vai ser moleza”. Na hora de escolher, João passou por armações nas cores azul, verde, cinza. Mas acabou ficando com a preta. “Acho que o pessoal de casa vai gostar do que eu escolhi. Meus pais e meus irmãos”.
As três crianças fazem parte de um grupo de cerca de mil alunos selecionados para participar do projeto Pequenos Olhares, organizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) em parceria com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica com o apoio do Ministério Público, da Secretaria de Educação de Curitiba e da prefeitura.
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Em entrevista à Agência Brasil, a oftalmologista e coordenadora do projeto, Bruna Ducca, destacou que a ação acontece todos os anos em cidades que sediam o Congresso Brasileiro de Oftalmologia, como é o caso de Curitiba este ano. Os atendimentos acontecem entre esta quinta-feira (28) e sexta-feira (29).
“As crianças são selecionadas pelas escolas da prefeitura. Os professores fazem essa seleção com base em falhas de testes de visão. São crianças que já estão há algum tempo com dificuldades, esperando e que não conseguiam uma consulta oftalmológica completa. Com esse projeto, elas têm essa chance”, explicou a coordenadora.
“Primeiro, elas passam pelo exame de acuidade visual, a chamada medida da visão. Depois, pelo exame de estrabismo. Depois, se necessário, pingam colírio para dilatar a pupila, fazem o exame de fundo de olho, para mapeamento de retina, e fazem o teste da refração ou teste de grau. E, se necessário, ganham os óculos. Elas mesmas escolhem uma armação, que vai pra ótica e, alguns dias depois, é entregue nas escolas”, completou.
Os atendimentos do projeto estão sendo realizados por médicos oftalmologistas que estão em Curitiba para participar do congresso, com o apoio de alunos voluntários dos cursos de medicina. Além do atendimento oftalmológico, os alunos têm acesso a atividades lúdicas com recreadores e lanche.
*A repórter viajou a convite do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Fonte: Agência Brasil