Com o cenário político brasileiro cada vez mais polarizado e imprevisível, um novo nome começa a ganhar força nos bastidores da direita: Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama, até então vista como figura de bastidor e suporte do ex-presidente Jair Bolsonaro, começa a despontar como possível protagonista da corrida presidencial de 2026 — seja como cabeça de chapa ou como vice de uma composição com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Diferente dos demais integrantes do clã Bolsonaro, Michelle tem conseguido se manter distante de polêmicas, inquéritos e confrontos diretos com o Judiciário. Essa blindagem natural, associada à sua imagem conservadora, religiosa e de comportamento discreto, pode se tornar um trunfo eleitoral valioso em tempos de desgaste na liderança bolsonarista.
Nos bastidores do PL, o partido já discute abertamente seu nome como alternativa viável à figura de Jair Bolsonaro, que enfrenta problemas de saúde e sinais de depressão, agravados pela sua situação de prisão domiciliar e pelo envolvimento de seu filho, Eduardo Bolsonaro, em recentes polêmicas. O ex-presidente, ainda uma liderança incontestável na direita, pode acabar tendo que passar o bastão, e Michelle surge como herdeira natural de seu capital político.
Caso a chapa Michelle-Tarcísio se concretize, os efeitos devem se espalhar por outras frentes da eleição. No Distrito Federal, por exemplo, a disputa ao Senado ganha contornos mais definidos. O atual governador Ibaneis Rocha (MDB) tende a liderar as intenções de voto, seguido de perto por Leila do Vôlei (PDT), que pode herdar o voto progressista e moderado. Já nomes tradicionais da direita no DF, como Bia Kicis (PL) e o ex-desembargador Sebastião Coelho (NOVO), aparecem com menos competitividade, segundo pesquisas recentes.
A insistência de Kicis e Coelho em disputar o Senado, mesmo com baixo desempenho nas intenções de voto, pode custar caro às legendas que representam. Ambos os partidos correm o risco de não eleger ninguém ao Senado, e ainda por cima perderem força na Câmara Federal, por desviar recursos e esforços de candidaturas mais viáveis proporcionalmente.
É inegável que o nome de Michelle Bolsonaro agrada à base evangélica, ao eleitorado conservador e aos órfãos do bolsonarismo raiz. Mas é também preciso questionar: ela está preparada para liderar uma nação? Sua atuação política é praticamente inexistente fora do campo simbólico e religioso. Assumir uma candidatura presidencial exige muito mais que carisma e sobrenome — exige preparo, clareza de projeto e capacidade de diálogo, algo que ainda não se sabe se Michelle possui.
Por outro lado, sua candidatura pode ser exatamente o que o bolsonarismo precisa: uma figura “nova”, com a benção do ex-presidente, mas sem o desgaste direto que Jair Bolsonaro carrega. Em tempos de judicialização da política e rejeição crescente à polarização tradicional, Michelle surge como uma alternativa “leve”, mas ideologicamente firme, para reoxigenar a direita.
O jogo está apenas começando. E tudo indica que Michelle Bolsonaro será, sim, uma das peças centrais no tabuleiro eleitoral de 2026 — queiram ou não os seus adversários.