Café com Pimenta: Bastidores Amargos, o Poder, a Fé e os Sonhos Frustrados de 2026

Renata Schuster Poli – Jornalista, pós graduada em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, analista política com mais de vinte anos tendo trabalhado na Câmara Federal, vice-governadoria e governadoria do GDF, atualmente assessora na Câmara Legislativa DF.

TCDF: o sonho que virou pesadelo

Parlamentares e membros do Palácio do Buriti que sonhavam acordados com a vaga vitalícia de desembargador no Tribunal de Contas do DF acordaram com um balde de água fria. O Supremo Tribunal Federal, por maioria, manteve a nomeação de André Clemente como conselheiro do TCDF. Mas o recado foi claro: a próxima cadeira, independentemente de onde vier, será de um auditor de carreira — salvo se for reservada ao Ministério Público junto ao Tribunal.

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Na prática? Se algum político quiser garantir a cobiçada cadeira, vai ter que esperar duas vagas abrirem e ainda contar com a sorte de que sejam da cota da CLDF ou do governador. O jogo ficou mais difícil — e com muito menos espaço para articulações políticas.


Raad de volta ao jogo

Quem achou que Raad Massouh estava fora do tabuleiro, errou. O ex-deputado está de volta ao cenário político com força total e, segundo ele próprio, com apoio de todos os lados — dentro e fora da política. Em conversa exclusiva com esta colunista, Raad se mostrou confiante e disse que tem recebido bastante apoio, especialmente nas regiões de Sobradinho e Planaltina.

O jogo de 2026 já começou. E Raad quer estar nele.


Michelle Bolsonaro e o uso da religião

Religião é fé, é espiritualidade. Mas também pode ser palco de idolatria — e aí mora o perigo. Jesus e a tradição judaica são claros: adorar pessoas ou símbolos no lugar de Deus é pecado. A idolatria desvia o foco da fé para objetos (ou pessoas) que não têm divindade alguma.

O alerta vale: a presença de Michelle Bolsonaro em púlpitos pelo Brasil está virando rotina. E em muitos desses, o nome da família Bolsonaro tem sido exaltado mais que o próprio nome de Deus. Fica o questionamento: fé ou fanatismo?


Leila e Ibaneis: a dupla que pode surpreender o DF

A política do DF anda carente de representantes que realmente joguem pelo time da cidade. A senadora Leila do Vôlei e o governador Ibaneis Rocha, apesar das diferenças, vêm sendo apontados como nomes com potencial para formar uma aliança que coloque o DF de volta aos trilhos.

Mais do que ideologia, a população começa a perceber que precisa de políticos que entreguem resultado e que estejam presentes. O tempo dos pop stars do Congresso, blindados por bolhas digitais e discursos inflamados, está ficando para trás. Brasília quer voz, não eco.


Federações, fantasias e votos de ilusão

As federações partidárias estão por toda parte. Nos últimos meses, partidos se uniram não por afinidade ideológica, mas por pura sobrevivência — e com isso, vieram as ilusões. Candidatos com menos de 3 mil votos já sonham alto, mas a dura realidade é outra: dificilmente terão legenda para concorrer nas próximas eleições.

Na última disputa, cada partido podia lançar até 25 candidatos a distrital e 9 a federal. Agora, com as federações, o número caiu drasticamente: cada partido poderá lançar apenas 12 candidatos a distrital e 4 a federal. E não para por aí: com menos nomes na disputa, quem quiser chegar lá vai precisar de votações expressivas — acima dos 18 mil votos.

Fica o conselho: antes de se lançar candidato, analise bem a nominata. Dependendo do cenário, talvez o melhor a fazer seja compor com quem tem mais chances reais de vitória na sua região. Vaidade política não se traduz em urna.

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