Leila do Vôlei crava cortada em Moro e deixa o ex-juiz no chão sem defesa e sem ação

A coragem política de Leila do Vôlei expõe contradições no debate sobre as fraudes do INSS

O confronto com Moro foi emblemático. O ex-juiz, que frequentemente adota o discurso de paladino da moralidade, tentou mais uma vez direcionar a culpa exclusivamente ao governo Lula. Mas a senadora foi categórica: “O senhor sabia da bomba antes de explodir.” A frase, carregada de simbolismo, denuncia o que há tempos já era perceptível — a tentativa de setores da oposição de se esquivar das responsabilidades passadas para utilizar a crise atual como palanque político.

Na política, poucos momentos são tão reveladores quanto aqueles em que se desmonta uma narrativa construída à base de meias verdades e conveniências. Foi exatamente isso que a senadora Leila Barros, a Leila do Vôlei (PDT-DF), protagonizou na recente audiência da Comissão de Transparência do Senado. Seu embate direto com o senador Sergio Moro (União-PR) mostrou não apenas firmeza, mas também compromisso com a verdade — aquela que muitos preferem ocultar por conveniência política.

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Ao defender a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Leila não se contentou com a narrativa fácil de responsabilizar exclusivamente o governo atual. Ao contrário, fez o que poucos têm coragem de fazer: apontou que os desvios investigados pela Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União começaram bem antes. Entre 2016 e 2024, cerca de 9 milhões de beneficiários podem ter sido lesados, em um esquema que já é considerado um dos maiores escândalos da Previdência brasileira.

É nesse contexto que sua defesa de uma CPI ampla que alcance tanto o atual quanto o antigo governo se torna não apenas coerente, mas essencial. Afinal, se a intenção é de fato limpar a casa e resgatar a confiança da população no sistema previdenciário, não pode haver espaço para seletividade ou blindagem política. Nenhum lado deve sair ileso se houver responsabilidade.

Mais ainda, Leila trouxe à tona um elemento importante e ainda pouco discutido: o áudio do ex-presidente Jair Bolsonaro, no qual afirma que interviria na Polícia Federal por não estar recebendo informações. Se confirmado o conteúdo e seu contexto, é grave. Indica não só uma interferência indevida em órgão de investigação, mas também o possível conhecimento prévio de crimes que, por dever de ofício e responsabilidade institucional, deveriam ter sido denunciados e combatidos.

Leila não jogou para a torcida. Ela cobrou seriedade. E isso, em tempos de polarização tóxica e de uso político de escândalos reais, é um alento raro. Sua fala representa uma cobrança por justiça que ultrapassa bandeiras partidárias. É a lembrança de que, por trás dos números e dos jogos de poder, há milhões de brasileiros aposentados, pensionistas, trabalhadores que sofreram danos reais.

A verdade é que o escândalo do INSS é grande demais para ser instrumentalizado por qualquer grupo político. Se queremos preservar a credibilidade das instituições e reparar os danos causados, a investigação precisa ser técnica, transparente e sem exceções. A atuação da senadora Leila Barros, neste sentido, é um exemplo de como se faz política com responsabilidade e coragem.

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