Aos 71 anos, José Mariano decidiu aprofundar os conhecimentos sobre o uso da tecnologia no seu dia a dia, pelo programa de extensão Universidade do Envelhecer (UniSer), da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF). A iniciativa integra o projeto Viva Mais Cidadania Digital.
No curso Literacia Digital para o Enfrentamento à Violência Patrimonial e Financeira e Educação Midiática, inaugurado na última sexta-feira (7), na UnB Ceilândia, José vai aprender a utilizar a tecnologia de forma segura, além de identificar e se prevenir de golpes virtuais.
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José Mariano foi aprovado no curso de Saúde Coletiva na UnB e se matriculou no projeto da UniSer para se sentir mais à vontade com a tecnologia | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília
“É bom porque eu só sei o básico sobre o meio virtual. Uso mais o celular mesmo, apenas para me comunicar”, relata. O impulso para que o idoso começasse o curso veio logo após descobrir seu nome na lista de aprovados da UnB para o curso de Saúde Coletiva.
“Durante a graduação sei que vou precisar mexer com a tecnologia. Então, essa oportunidade de aprender foi muito boa para me preparar”, comenta o idoso, que em breve irá realizar o sonho de ter o diploma da primeira faculdade às mãos.
Parcerias
A iniciativa é resultado de um acordo de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF) e o UniSer, em outubro de 2024. A parceria tem duração de 24 meses e visa ofertar cursos gratuitos, presenciais e online, além de capacitar mulheres para a emancipação financeira e o empreendedorismo.
“Fazer com que os idosos tenham mais segurança nessa área, aprendam a fazer um Pix, também é uma forma de garantir a cidadania”
Giselle Ferreira, secretária da Mulher
Também prevê diálogos com o mercado de trabalho para ampliar oportunidades para mulheres idosas e desenvolver ações de enfrentamento à violência doméstica e contra a mulher. “Hoje o mundo é digital, ninguém vive sem o WhatsApp, sem rede social. Fazer com que os idosos tenham mais segurança nessa área, aprendam a fazer um Pix, também é uma forma de garantir a cidadania”, destaca a secretária da Mulher, Giselle Ferreira.
Com um total de 32 horas de atividades presenciais, o curso oferece oficinas práticas e atividades complementares para ensinar o uso seguro das ferramentas digitais, por meio de conteúdo e linguagem totalmente adaptados para o público. As aulas são ministradas em Ceilândia, no campus da UnB e no Instituto Federal de Brasília (IFB). Os interessados podem fazer as inscrições até o dia 15 deste mês, de forma online ou de maneira presencial na UnB – Faculdade de Ciências e Tecnologias em Saúde – Campus Ceilândia.
“A gente desenvolveu, em conjunto com 16 professores, um material didático, para ser replicado em qualquer local do nosso país e para que as pessoas possam auxiliar os idosos a ter mais condições de desmistificar esse mundo virtual”, explica a coordenadora da UniSer e professora da UnB, Margô Gomes de Oliveira Karnikowski.
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Com o projeto, idosos terão mais autonomia e senso crítico com relação à vida digital
Segundo ela, o objetivo do programa é levar mais autonomia e senso crítico aos alunos. “Normalmente o que acontece é que os idosos conseguem navegar no mundo virtual, no entanto têm sofrido muito tipos de golpes e violência. A ideia é de que nós possamos, de alguma forma, alertá-los e ajudá-los a identificar esse tipo de risco”, acrescenta Margô.
Por meio de Termo de Execução Descentralizada (TED), a iniciativa atende ao programa Viva Mais Cidadania Digital, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que busca promover a inclusão digital para pessoas idosas por meio da seleção de pelo menos quatro parceiros para a execução do projeto.
Mais conhecimento
Com ênfase nas temáticas de literacia digital, que é a capacidade de compreender situações de leitura e escrita no contexto tecnológico, Maria Heloiza Albano, 66, está animada para começar as aulas. Apesar de já conhecer um pouco sobre tecnologia, a oportunidade dará mais segurança para interagir pelas redes sociais.
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Maria Heloísa Albano: ” Hoje posso conhecer novas pessoas e aprender novos assuntos. Minha versão aos 60 é muito melhor”
“Meu objetivo é conhecer melhor os aplicativos e me sentir segura para mexer em áreas que não conheço”, relata a moradora de Taguatinga. “Depois que me aposentei, essas iniciativas foram muito importantes para me realizar pessoalmente e a continuar a correr atrás de sonhos. Hoje posso conhecer novas pessoas e aprender novos assuntos. Minha versão aos 60 é muito melhor”, comemora a idosa.
Para Maria da Graça Polônia, 77, a presença do digital está cada vez mais constante no dia a dia e aprender sobre o assunto é primordial para viver em sociedade. “Eu me interessei muito pelo curso porque as pessoas acham que nós, idosos, somos mais vulneráveis, que não somos inteligentes e que não entendemos de tecnologia”, relata a aluna. “Mas é um engano deles, porque procuramos sempre estar atentos e nos atualizando nesse sentido”, contrapõe a idosa, ansiosa para aprender e manter o cérebro ativo.