Recentemente, um vídeo postado pelo Deputado Federal Nicolas Ferreira se espalhou rapidamente pela internet, gerando repercussão e discussão sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante um evento em Salvador (BA), Lula aconselhou a população a só comprar quando os produtos não estiverem caros. A frase, embora dita em um tom que poderia soar como um conselho, gerou um alvoroço nas redes sociais, fazendo com que muitos questionassem a desconexão entre o discurso do presidente e a realidade enfrentada por grande parte da população brasileira.
O grande problema desse tipo de orientação é que, ao refletir sobre as dificuldades cotidianas de milhões de brasileiros, podemos concluir que, se a recomendação fosse levada ao pé da letra, grande parte da população não conseguiria nem comer, nem se deslocar, nem usufruir de serviços básicos. O custo da alimentação continua subindo, os preços dos combustíveis seguem em alta e a energia elétrica não se torna mais acessível. A recomendação de não consumir enquanto os produtos estiverem caros soa como uma utopia impossível de ser cumprida para quem já enfrenta um orçamento apertado.
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Vale lembrar que, enquanto os cidadãos enfrentam dificuldades diárias com o aumento do custo de vida, o presidente da República não compartilha dessas mesmas dificuldades. Ele tem acesso a uma estrutura que, muitas vezes, inclui residência, alimentação, segurança e combustível bancados pelos cofres públicos. O alto custo de vida não atinge aqueles que, como Lula, têm suas necessidades atendidas de maneira distinta da maioria da população.
A fala do presidente revela uma desconexão com a realidade das pessoas que não têm outra escolha a não ser consumir, mesmo que os preços estejam exorbitantes. Mais do que um conselho, a reflexão é necessária: como realmente podemos viver sob essas condições? E, mais importante, como o governo pode agir para aliviar essa pressão sobre a população, ao invés de apenas sugerir o que se deve fazer quando os preços estiverem mais baixos, algo que parece distante para muitos?
É um alerta para o tipo de política que temos vivido, onde as palavras de líderes não refletem a dura realidade de quem luta todos os dias para garantir sua alimentação e dignidade. Se depender do que foi dito, a população de Salvador – e de muitas outras cidades – poderá ser obrigada a ficar sem comida, sem transporte e sem os serviços básicos que tornam a vida minimamente viável.
A dúvida fica no ar: comer ou não comer? Esta não deveria ser uma escolha.